Quando falamos competições esportivas de tradição, nenhuma se equipara aos Jogos Olímpicos. Afinal, a primeira edição foi supostamente realizada em 776 AC. Nem tinha newsletter naquela época. risos.

Desde competições de boxe sem divisões de peso até corridas de carroça com “obstáculos” perigosos à cada curva, os Jogos Antigos eram bem diferentes dos eventos atuais.

Detalhe: À época, todos os atletas competiam complemente nus. Confira aqui outras curiosidades.

O que também mudou drasticamente de uns tempos para cá foi o custo para sediar as Olimpíadas.

Para ser ter uma ideia, a edição de 1924, também realizada em Paris, custou 10 milhões de francos (por volta de US$ 512 mil) — em valores atuais, isso seria o equivalente a pouco mais de US$ 9 milhões.

• Já em 2024, o valor investido para sediar o evento na capital francesa está estimado em mais de US$ 9 bilhões.

Se o custo final permanecer nessa faixa, Paris sediará os Jogos Olímpicos de Verão mais baratos dos últimos anos. A última vez que se investiu menos que US$ 10 bilhões foi em Sydney 2000.

Se incluirmos Olimpíadas Inverno nisso, o título de “gastão” fica com os russos, que desembolsaram quase US$ 60 bilhões para trazer os melhores do mundo em esportes gelados para Sochi em 2014.

O montante investido em infraestrutura é um dos, senão, o principal motivo pelo qual vemos esses altíssimos valores para sediar os Jogos Olímpicos.

Explicando… A necessidade mais imediata é a criação ou modernização de instalações esportivas, a Vila Olímpica e um local suficientemente grande para acolher as cerimônias de abertura e encerramento.

Fora isso, muitas vezes são necessários investimentos em infraestruturas mais gerais, especialmente habitação e transporte.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) exige que as cidades-sede das Olimpíadas de Verão tenham no mínimo 40 mil quartos de hotel disponíveis — o Rio de Janeiro teve que construir 15 mil novos quartos.

Os grandes gastos, porém, não começaram recentemente. O Canadá estimou que necessitaria investir US$ 124 milhões em infra para realizar a edição de 1976 em Montreal.

• No entanto, devido a atrasos em construções e custos excessivos para um novo estádio, a cifra subiu para quase US$ 900 milhões.

Esse montante, somado aos US$ 280 milhões de custos operações, fez que essas Olimpíadas custassem quase US$ 1,2 bi.

O problema: A receita do evento foi inferior a US$ 450 milhões, gerando um grande prejuízo tanto para a cidade quanto para o governo canadense.

No caso de Sochi 2014, foram gastos US$ 50,7 bilhões — cerca de 85% do orçamento completo — para a construção de infraestruturas não esportivas como, por exemplo, estradas.

Neste caso, entretanto, existem dois lados da moeda entre os moradores da cidade:

• Aqueles que consideram os estádios não utilizados e as instalações excessivamente construídas como um desperdício;
• Aqueles que argumentam que o evento estimulou que o governo investisse na melhora de bens públicos como o sistema de água.

Fast-forward para 2024, Paris optou por utilizar locais já existentes como as quadras de Roland Garros para a competição de tênis, além de estádios de outras cidades francesas como Lyon, Marselha e Nice.

Por conta disso, os gastos em infraestrutura estão estimados em “apenas” US$ 4,5 bilhões — US$ 1,6 bilhão foi para a Vila Olímpica, cujo valor é pelo menos 1/3 superior ao inicialmente orçamentado.

Estima-se que o impacto econômico dos Jogos Olímpicos de Paris fique entre US$ 7,2 bilhões e US$ 9,7 bilhões. Além disso, espera-se arrecadar US$ 1,5 bilhão com a venda de ingressos.

Por último, o comitê organizador prevê uma receita de US$ 1,3 bilhões entre patrocinadores nacionais, como Accor e LVMH, e internacionais, como Coca-Cola e Visa.

Esses sponsors são tão importantes que o COI tem uma regra que permite aos atletas fazerem apenas 1 postagem de agradecimento durante o período olímpico às marcas que te patrocinam, mas que não são patrocinadoras oficiais do evento.

Enquanto isso, do lado das transmissões… 📺

O COI entende realmente o valor e a importância das Olimpíadas, e isso fica claro quando vemos quanto as empresas de mídia pagam para transmitir o evento.

Nos EUA, a NBCUniversal fechou um contrato de US$ 4,38 bi em 2011 para televisionar os jogos até 2020 — em 2014, o deal foi estendido até 2032 por US$ 7,75 bi.

• Na Europa, a Discovery e a Eurosport adquiriram, em 2015, os direitos em 50 territórios até 2024 por US$ 1,4 bi.
• Já na Austrália, a Nine Entertainment pagou US$ 305 milhões em 2023 pelos direitos exclusivos das próximas 5 Olimpíadas.

Por aqui, além da Globo/Sportv, a novidade para este ano fica com a CazéTV, da Live Mode, que vai transmitir 500 horas de conteúdo ao vivo no YouTube — e foi desse jeito que eles anunciaram isso em 2023.