Um dos setores que mais tem crescido nos últimos anos é o de delivery de comidas online.

No ano passado, estima-se que a receita global do segmento — que combina entrega de supermercados e restaurantes — ficou em US$ 1 trilhão. Em 2024, deve ser ainda maior e chegar a US$ 1,2 trilhão.

Na divisão por países, os líderes absolutos são China e Estados Unidos, com o país asiático à frente por uma diferença de quase US$ 100 bilhões em receita na projeção para este ano. 

Na China, o mercado é dominado por duas empresas: Meituan Dianping, que contou com investimentos da Tencent, e Ele.me, financiada pela gigante Alibaba.

Estima-se que, juntas, elas tenham cerca 90% de participação de mercado.

Já na terra do Tio Sam, os principais nomes são DoorDash e UberEats. A disputa por lá é interessante pelos seguintes motivos:

🌏 A UberEats é a líder mundial no segmento em termos de receita.

🇺🇸 A DoorDash, por sua vez, possui cerca de 67% de participação de mercado em solo americano — a UberEats possui “apenas” 23%.

Engana-se quem acha que esse domínio da DoorDash nos EUA não incomoda a UberEats, que já realizou uma série de ações para tentar diminuir a distância entre as empresas.

• No começo de maio, inclusive, ela fechou uma parceria com a Instacart, plataforma de entrega de itens de supermercados.

Enquanto isso, no Brasil 🇧🇷

O mercado de entrega de alimentos online no Brasil deve atingir uma receita de quase US$ 19 bilhões em 2024. 

Para 2029, o segmento deve crescer a uma taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 8,33%, resultando em um volume de mercado projetado de mais de US$ 28 bilhões até 2029.

E se falamos de delivery no Brasil, não tem como não mencionar o iFood. A empresa simplesmente domina o mercado nacional com mais de 80% de market share. 

Em 2022, o ecossistema da companhia movimentou — direta e indiretamente — R$ 97 bilhões na economia brasileira, impactando 0,53% do PIB do país.

• Dois anos antes, a cifra era de R$ 57 bilhões. O boom foi impressionante.

Atualmente, o iFood atende a mais de 80 milhões de pedidos por mês de seus mais de 43 milhões de clientes. 

Do Brasil para o mundo 🌎

Os impressionantes resultados da empresa fizeram com o Brasil ganhasse mais um executivo ocupando uma cadeira de CEO em uma empresa global. 

Isso porque seu agora ex-CEO, Fabrício Bloisi, passa a ocupar o principal cargo da holandesa Prosus, holding de aportes em tecnologia do grupo Naspers e dona do iFood desde 2022. 

A relação Prosus-Bloisi-iFood vem desde 2008, quando a empresa holandesa investiu na Movile, companhia criada por Bloisi. Abaixo uma linha do tempo:

• 2013: Movile investe R$ 5,5 milhões no iFood — à época, uma startup de aproximadamente 20 pessoas;
• 2014: Movile aporta cerca de US$ 2 milhões no iFood;
• 2015: Movile recebe aporte de US$ 40 milhões da Naspers e, no mesmo ano, investe novamente no iFood;
• 2017: Naspers investe mais US$ 53 milhões na Movile;
• 2018: iFood recebeu de US$ 500 milhões da Movile, junto a Naspers e Innova Capital.
• 2019: Bloisi se torna CEO do iFood.

Já em 2022, a Movile pagou R$ 9,4 bilhões pela fatia remanescente de 33,3% do iFood que pertencia à Just Eat Holding Limited. 

Com isso, a Prosus — à época dona de quase 95% da Movile — passou a ser dona da gigante brasileira de delivery.

O desafio de Bloisi é gigante. A Prosus possui mais de 2 bilhões de clientes e atua em setores como classificados online, finanças, educação e, claro, delivery de comidas.

A empresa tem presença em mais de 100 países e investiu mais de US$ 30 bilhões em mais de 90 empresas desde 2008 — sendo uma das principais investidores da gigante tech chinesa Tencent. Brasil neles!