Neste domingo, os brasileiros demonstraram que não. Por um lado, pela insatisfação que tomou as redes sociais após a derrota de Fernanda Torres na categoria de Melhor Atriz. 

Por outro lado, pela alegria de ver Ainda Estou Aqui se tornar o primeiro Oscar da história do Brasil após levar o prêmio de Melhor Filme Internacional.

Além disso, as 3 indicações recebidas para a maior premiação do cinema, junto com a vitória de Torres no Globo de Ouro em janeiro, alavancaram o potencial comercial do filme de Walter Salles. Os números não mentem.

• Vendido para mais de 30 países — chegou a mais de 750 salas de cinema apenas nos EUA;
• Levou mais de 5 milhões de pessoas às telonas no Brasil;
• Arrecadou mais de R$ 150 milhões em bilheteria global.

E esse número pode subir com a vitória no Oscar… Não é à toa que o filme permanecerá em cartaz até o início de abril. O valor do orçamento de Ainda Estou Aqui não é público, mas estima-se que ele tenha custado R$ 45 milhões.

Por falar em bilheteria… 🎟

O grande vencedor da noite, Anora, é, novamente, mais um caso de que o sucesso da crítica e das premiações não equivalem a triunfo nas salas de cinema. 

O longa, que levou 5 Oscares, faturou pouco mais de US$ 15,5 milhões nos EUA e quase US$ 40 mi no mundo — seu orçamento foi de US$ 6 mi. Abaixo a bilheteria global dos últimos 8 ganhadores de Melhor Filme.

Se olharmos apenas para a bilheteria na terra do Tio Sam, todos os ganhadores da categoria de Melhor Filme fizeram pelo menos US$ 100 milhões entre 1997 e 2004. Já nos últimos 20 anos, somente 5 vencedores alcançaram esse feito. 

Um dos motivos tem a ver com os acordos de distribuição (locais e internacionais). Antes, costumava-se levar meses para que um filme fosse lançado em DVD. Ou seja, para acompanhar o “hype”, o jeito era ir ao cinema. 

• Já nos últimos anos, boa parte dessas produções tem chegado mais rápido nas plataformas digitais.

Fora isso, muitos do ganhadores de Melhor Filme não têm um apelo para a grande massa — são mais para “cinéfilos” —. Logo, com o aumento nos preços dos ingressos do cinema e das concessões como pipoca e refrigerante, o público passou a ser mais seletivo na hora de frequentar as telonas.

Falando em ser seletivo… 📺

Após mais de 50 anos, a Academy of Motion Pictures Arts and Sciences está considerando deixar a ABC e procurar uma nova casa para a transmissão do Oscar. 

A rede, pertencente à Disney, transmite a grande noite do cinema há quase 50 anos e continuará a fazê-lo até pelo menos 2028 — o contrato é de mais de US$ 100 milhões por ano.

No entanto, a casa do Mickey não quer aumentar o tamanho do deal, enquanto a Academia quer mais $$$. Portanto, deixou claro para a Disney que gostaria de testar o mercado.

• Inclusive, a dona do Oscar já falou informalmente com novos parceiros em potencial, incluindo a Netflix.

As negociações testarão o apelo de um evento que perdeu muito de sua audiência. Nos Estados Unidos, houve uma queda de mais de 60% desde seu pico no final dos anos 1990 e é metade do que era há apenas uma década. 

Ainda assim, ela continua sendo a premiação mais assistida nos EUA. Em 2024, foram quase 20 milhões de pessoas, a 13ª maior audiência no horário nobre americano — atrás apenas de 11 jogos da NFL e de um debate presidencial.

Contudo, a edição de 2025 teve uma queda de 7%, alcançando pouco menos de 18,1 milhões de telespectadores.

Looking forward 🔮

A Academia está buscando negociar os direitos globais desta vez. Ela acredita que tem seguidores suficientes para atrair mais espectadores fora da terra do Tio Sam e quer encontrar um parceiro que possa ajudá-la a fazer isso.

Logo, Netflix e Amazon oferecem a maior audiência global, além de terem recursos para pagar uma grande taxa de licenciamento e já terem realizado a transmissão de premiações. Agora, só nos resta aguardar pelas cenas do próximo capítulo.