Microagulhamento, lifting não invasivo e extração de células-tronco. Esses tratamentos de ponta estão colocando a Coreia do Sul no topo da indústria da beleza. 

Nos últimos anos, o país tem visto um fluxo constante de pacientes estrangeiros. Na semana passada, o governo anunciou uma cifra recorde de 1,17 milhão em 2024 — quase o dobro do ano anterior. 

Esse resultado, segundo o Ministério da Saúde e Bem-Estar, fez a Coreia do Sul atingir bem antes do previsto a meta original de atrair 700 mil pacientes internacionais até 2027.

💰 Falando de dinheiro… Estima-se que esses estrangeiros geraram mais de US$ 2 bilhões para a indústria sul-coreana de turismo médico e cosmético apenas em 2023.

A ascensão do turismo de beleza na Coreia do Sul 🇰🇷

O boom da chamada K-beauty começou na década passada, com marcas como Dr. Jart+ e Peach & Lily produzindo fórmulas inspiradas pela afinidade do país por uma “pele jovem e cristalina”. 

Inclusive, a Coreia do Sul superou a França e se tornou a maior exportadora de cosméticos para os EUA em 2024.

No entanto, à medida que as marcasde beleza sul-coreanas prosperaram, o interesse no mercado de estética do país cresceu.

O resultado: A Coreia do Sul ficou conhecida como a capital da cirurgia plástica (teve a maior taxa per capita em 2021) e rapidamente se tornou um centro de viagens focadas em procedimentos cosméticos.

 O governo aproveitou essa “febre”. Passou não só a conceder reembolso fiscal e vistos especiais de turismo médico como também a realizar eventos globais de bem-estar. O impacto em números.

• A quantidade de cirurgiões plásticos sul-coreanos em consultórios particulares quase dobrou na última década para mais de 2.700;
• Já o número de dermatologistas em clínicas locais aumentou 1,4x no mesmo período;
• Só na capital Seul, são mais de 600 clínicas de cirurgia plástica.

Isso fez com que algumas clínicas de dermatologia passassem a contratar talentos para oferecer serviços extensivos em vários idiomas. Por outro lado, houve um crescimento exponencial para negócios relacionados, como agências de turismo médico — veja os bastidores de uma delas abaixo.

Além disso, surgiram plataformas online com o UNNI, em que os usuários podem comparar experiências sobre procedimentos, tempos de espera nas clínicas e níveis de satisfação.

Maaas… Nem tudo são flores.

À medida que a competição por tratamentos estéticos se intensifica e os preços diminuem, cresce o número de cirurgiões plásticos em consultórios particulares — a cifra quase dobrou na última década. 

Por conta disso, muitos correm o risco de serem atendidos por “médicos fantasmas”, profissionais não treinados ou menos qualificados para realizar uma operação — e responsáveis por cerca 100 mil mortes entre 2008 e 2014.

Além disso, enquanto o setor de beleza vive esse boom, a Coreia do Sul enfrenta um outro problema: o país tem uma das menores proporções de médicos por população dos países desenvolvidos. 

O governo até prometeu aumentar sua cota anual de admissões em escolas de medicina para ajudar a fornecer mais pessoal e reduzir as horas de trabalho.

No entanto, muitos acreditam que essas medidas não impedirão que os médicos entrem em campos mais lucrativos como o de cosméticos;

• No entanto, muitos acreditam que essas medidas não impedirão que os médicos entrem em campos mais lucrativos como o de cosméticos;
• Para se ter uma ideia, em torno de 80% das novas clínicas abertas por médicos generalistas na Coreia do Sul em 2024 foram focadas em dermatologia.

🔮 Looking forward. Ao mesmo tempo que atrai pacientes estrangeiros, o governo também prometeu gastar US$ 20 bilhões para concluir a reforma médica.

A maneira como a Coreia do Sul navega por esses desafios pode moldar seu futuro na área da saúde e sua posição como um destino médico global.