Exagerados, viciantes e rápidos de consumir. Os microdramas são episódios verticais de 1 a 2 minutos, repletos de reviravoltas, que parecem feitos sob medida para a lógica do feed infinito.

A febre começou na China, por volta de 2018, como um derivado da onda de vídeos curtos puxada pelo “irmão chinês” do TikTok, o Douyin. Mas foi durante a pandemia que realmente explodiu.

• O motivo? Não exigiam esforço do público — bastava abrir o app e já mergulhar no drama.
• Entre os gêneros, havia de tudo: comédias românticas, histórias de vampiros e dramas de magnatas.

Além disso, o modelo é perfeito para escalar: baixo custo de produção, atores desconhecidos e ciclos curtos — um drama pode ser concluído em apenas dois meses. Algumas plataformas chegam a lançar 8 a 10 novos títulos por mês, somando cerca de 100 por ano.

O resultado: em 2024, o mercado chinês de microdramas ultrapassou a bilheteria do cinema no país, atingindo 50 bilhões de yuans (cerca de US$ 6,9 bilhões).

Enquanto isso, nos Estados Unidos… 🇺🇸

Vários apps chegaram em 2022, mas o formato ganhou força de verdade em 2023 e explodiu no último ano. Em 2024, dos US$ 1,2 bilhão que esses aplicativos de microdramas geraram fora da China, os EUA responderam por 60%.

Na terra do Tio Sam, a força está no ARPU mais alto — ou seja, a receita média por usuário supera a de outros países. Isso se deve ao modelo “freemium”:

• Os primeiros episódios são gratuitos;
• Depois, o espectador paga de US$ 5 a US$ 10 por semana para continuar assistindo.

O crescimento não parou aí. Em abril deste ano, os downloads de apps de microdramas atingiram 10 milhões nos EUA — uma alta de 150% em um ano —, enquanto o número de usuários ativos mensais subiu mais de 300% no mesmo período.

ReelShort, DramaBox e GoodShort responderam por 50% dos downloads até agora neste ano. Os três apps já estão entre os 20 maiores em receita no segmento de mídia e entretenimento na terra do Tio Sam.

Looking forward 🚀

Uma das perguntas que não querem calar: será que esses apps vão substituir Netflix, HBO ou Disney+? Hoje, dificilmente. Microdramas não competem com filmes ou séries de prestígio.

Na verdade, disputam o mesmo tempo que atualmente é gasto no TikTok. É menos restaurante com estrela Michelin, mais comida de rua: simples, rápida e viciante, mas ambos podem coexistir.

Não é à toa que, em agosto de 2025, as empresas Cineverse e Banyan Ventures se uniram para lançar a MicroCo — uma tentativa de criar a versão hollywoodiana do fenômeno chinês.

A aposta é clara: uma plataforma com forte base tecnológica, estratégias de marketing orientadas por dados e um time de peso, com Jana Winograde (ex-Showtime) como CEO e Susan Rovner (ex-Warner Bros.) como presidente de conteúdo.

Dito isso, muitos já se perguntam se este será o novo Quibi, o serviço de curtas de Hollywood com produções recheadas de estrelas e orçamento milionário, que durou apenas seis meses em 2020.

Mas a MicroCo jura que não. Segundo eles, o objetivo é criar um catálogo enxuto, de baixo custo e altamente escalável. E, com milhares de roteiristas e atores americanos disponíveis após a retração da indústria, mão de obra criativa não vai faltar.

Tá, mas e no Brasil? 🇧🇷

O formato chegou com tudo. Prova disso é A Vida Secreta do Meu Marido Bilionário, microdrama de 68 episódios estrelado por ex-atores da Globo, que se tornou o mais assistido do ReelShort.

Entre sua estreia em 17 de maio de 2025 e o fim de junho, a primeira novela vertical brasileira acumulou mais de 540 milhões de visualizações. Veja aqui os primeiros episódios.