
Por que quase nenhuma equipe esportiva tem ações na bolsa?
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Por que quase nenhuma equipe esportiva tem ações na bolsa?


(Imagem: Nasdaq Exchange)
O ano era 2023. O Atlanta Braves, um dos times de beisebol mais tradicionais da Major League Baseball (MLB), acabava de se tornar uma das raras franquias esportivas americanas com capital aberto. Uma decisão ousada, incomum e, como logo se veria, cheia de consequências.
Apesar de a valorização de equipes esportivas estar em alta, a grande maioria das equipes de ligas como NFL, NBA e MLB prefere manter o capital fechado, longe dos olhos do mercado. Mas por quê?
O negócio vai além do dinheiro
Na teoria, abrir capital parece fazer sentido. Times geram capital com base na avaliação atual ou especulativa de uma empresa, reforçando a visibilidade da marca e a capacidade de levantar mais recursos no futuro. Na prática, a lógica das franquias esportivas é outra.
Donos de equipes não pensam apenas em retorno financeiro. Querem controle, autonomia, influência e legado. Para eles, o time é um ativo emocional — quase como um troféu social. Isso entra em choque direto com a realidade de uma empresa listada, sujeita a:
- Pressão por resultados trimestrais;
- Divulgação pública de contratos e salários;
- Fiscalização de investidores e conselhos;
- Risco de perder o controle para o mercado.
Esse foi exatamente o dilema enfrentado por franquias que tentaram seguir esse caminho. O Boston Celtics, por exemplo, abriu capital em 1986.

Parecia promissor, mas a pressão por rentabilidade fez o time deixar de investir em atletas e estrutura.
O resultado? O time perdeu competitividade, acumulou eliminações e, em 2002, foi vendido a um grupo de investimentos por US$ 360 milhões. O retorno ao capital fechado foi visto como um alívio interno.
Com o Cleveland Guardians, da MLB, a história foi parecida. Em 1998, o IPO prometia um novo patamar. Só que, em menos de dois anos, o time já estava sendo vendido a investidores privados. A experiência pública terminou antes mesmo de engrenar.
Um outdoor simbólico no mundo dos esportes
Talvez o caso mais emblemático seja o dos Green Bay Packers, o único time da NFL que é uma “empresa” pública e sem fins lucrativos. Ou seja, desde 1923 o time pertence aos seus fãs, e não a acionistas individuais. Mas isso também vem com um grande asterisco.

As ações dos Packers não pagam dividendos, não se valorizam e não podem ser negociadas. Esses acionistas votam durante a assembleia anual, principalmente para diretores. Ou seja, essas ações são basicamente “souvenirs sentimentais”. Uma forma de os torcedores dizerem: “eu faço parte do time”.
Em 2023, foi a vez do Atlanta Braves — veja aqui o momento. Contudo, os resultados foram modestos e as ações valorizaram pouco. A imprensa especula que a franquia será vendida a um bilionário que queira controle total, longe das amarras do mercado.
Enquanto isso, a grande maioria das franquias prefere levantar capital por outros meios:
- Vendendo participações a fundos de private equity;
- Atraindo sócios estratégicos;
- Fechando parcerias com gigantes da mídia.
Um exemplo recente? A Rogers Communications, do Canadá, adquiriu partes da equipe hóquei no gelo Maple Leafs e do Toronto Raptors, da NBA, em uma tacada de US$ 3,5 bilhões.

Percepção também é poder
Abrir o capital traria mais do que dinheiro. Traria visibilidade, manchetes e hype — algo que muitas marcas esportivas poderiam capitalizar. Mas há um detalhe importante: excesso de transparência pode ser uma fraqueza.
Considere que, ao ser listado na bolsa, os sindicatos têm acesso aos lucros e exigem salários maiores. Os torcedores pressionam por vitórias. Os investidores querem previsibilidade. E, no meio disso tudo, os donos perdem a liberdade de agir como querem.
Nos esportes, percepção é quase tudo. Um time que parece forte atrai jogadores, mídia, patrocinadores e torcedores. Nada atrapalha mais essa aura de grandeza do que relatórios frios mostrando prejuízo trimestral ou dívida crescente.
Por isso, a maioria prefere manter a imagem — e o capital — sob controle. Até que o mercado encontre um formato que preserve essa autonomia, o jogo seguirá sendo jogado longe da bolsa.
Takeaway ✍️
Os grandes times vendem mais do que ingressos e camisetas. Vendem narrativa, pertencimento e uma ideia de glória que perdura. Muitas vezes, manter o mistério fora da bolsa é o segredo para parecer — e continuar sendo — gigante.

Redação
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