
Como o Brasil domina a produção de açúcar sem queimar os canaviais
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Como o Brasil domina a produção de açúcar sem queimar os canaviais


A cana-de-açúcar é, em média, responsável por quase 80% da produção global de açúcar.
Mas a planta é tão difícil de ser colhida que muitos agricultores primeiro colocam fogo em seus canaviais para se livrarem das folhas para, depois, coletarem mais facilmente a valiosa cana cheia daquele suco que acompanha muito bem um pastel de feira.
No Brasil, maior produtor de açúcar do mundo, essa prática era muito comum. No entanto, há algumas décadas, os agricultores descobriram como colher a planta sem ter que atear fogo.
Começando do início…
Durante séculos, trabalhadores no mundo colhiam cana-de-açúcar manualmente, mas limpar as folhas duras com um facão era demorado e afetava o físico dos trabalhadores no longo prazo.
A queima melhorou o processo, economizou dinheiro para as empresas e ajudou a expulsar pragas indesejadas, como, por exemplo, insetos e ratos. Mas o processo ainda não era o melhor.
Eis que, com o avanço da tecnologia, a maioria dos agricultores brasileiros passou a colher a cana-de-açúcar crua a partir da utilização de máquinas. Veja o processo:
- 🪚 As colhedoras de cana possuem uma serra circular que primeiro corta a parte superior da cana;
- 🌬️ Logo, uma espécie de ventilador separa as folhas do caule para depois deixar no solo o material vegetal indesejado;
- 🍂 Por fim, esses “restos” se tornam matéria orgânica para fertilizar os canaviais.
Acontece que os solos vermelhos do Brasil são secos e não são abundantes em matéria orgânica. As folhas da planta o protegem da perda de água e da erosão, mantendo-o rico em nutrientes.
Hoje, máquinas desse tipo chegam a colher até 1.500 toneladas por dia. A cana crua também consegue reter o suco por mais tempo.
Maaaass… Tem o ônus nessa história
Ao não realizar a queima de canaviais, fica mais difícil eliminar as pragas. Por causa disso, muitas fazendas dependem de pesticidas para mantê-las afastadas.
Além disso, a cana crua também é mais difícil de processar porque contém folhas extras e impurezas. As fábricas precisam moer as plantas para depois esmagá-las nas usinas.

O suco é extraído da polpa e purificado, depois fervido e reduzido a um xarope e centrifugado para separar os cristais de açúcar.
Nem tudo é sobre o açúcar
Cerca de 50% da cana colhida no Brasil é usada para produzir etanol, e esse tem sido o principal incentivo para acabar com as queimadas.
Isso porque ele é um combustível de fonte renovável muito mais limpo que outras alternativas, especialmente as fósseis. O etanol queima de forma mais limpa do que a gasolina e emite 62% menos CO2.
O governo brasileiro começou a investir no seu programa de etanol em 1975, quando os preços do petróleo dispararam. A partir daí, a produção de cana triplicou em apenas uma década, especialmente no estado de São Paulo.
Mas, à medida que as fazendas se espalhavam, também aumentavam as queimadas. Isso tornou o etanol brasileiro difícil de ser vendido nos mercados internacionais.
- A situação ficou pior após o Protocolo de Kyoto, acordo assinado em 1997 no qual 160 países se comprometiam a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em até 5,2% entre 2008 e 2012.
Já em 2002, o estado de São Paulo assinou uma lei que dava aos agricultores cerca de 30 anos para acabar com as queimadas.
Para ajudar a eliminar o processo de forma gradual, criaram-se políticas públicas e estipulou-se um financiamento governamental. Isso sem falar do aumento de investimentos estrangeiros... E funcionou.
Em 2014, 90% da cana paulista foi colhida sem queimadas. Hoje, o Brasil é o 2º maior produtor de etanol do mundo — atrás apenas dos EUA —, tendo produzido 36 bilhões de litros na safra 2023/2024, dos quais 30B foram a partir da cana.

Estima-se que, desde 2004, os brasileiros economizaram R$ 110 bilhões simplesmente ao abastecer com etanol.
Já a cadeia sucroenergética do Brasil, que inclui outros biocombustíveis e energias renováveis feitos a partir da cana-de-açúcar, movimenta um valor bruto superior a US$ 100B, cerca de 2% do PIB nacional.
PS: A queima controlada dos canaviais ainda é realizada no Brasil, sobretudo no Nordeste.

Redação

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