O ano era 2016. As pontuações televisivas da maior liga de futebol americano do mundo tiveram uma queda de 8% em relação ao ano anterior.

• A liga parecia viver uma chuva de escândalos, desde preocupações com concussões até o debate sobre jogadores se ajoelhando durante o hino nacional como forma de protesto. 

No final de 2017, com os ratings projetando uma nova queda, o ex-chefão da ESPN, John Skipper, se reuniu com o seu big boss, Bob Iger, CEO da Disney, para discutir uma possível não renovação com a NFL.

Para ele, a casa do Mickey poderia pegar os bilhões que gastaria no seu próximo acordo com a liga e comprar os direitos do March Madness (torneio de basquete universitário), da World Series (finais do beisebol) e de todos os torneios de futebol que ainda não tivesse.

No entanto, Iger rejeitou a ideia — para alegria dos acionistas da empresa hoje. Isso porque a popularidade das transmissões da NFL na TV (aberta ou a cabo) só cresceu ao longo dos anos.

Para se ter uma ideia, a programação da liga de futebol americano foi responsável por mais da metade dos 50 broadcasts mais assistidos no horário nobre em 2024. Confira aqui o TOP-100.

Não para por aí. Há 20 anos, programas conhecidos como CSI, American Idol e Desperate Housewives obtinham audiências maiores no prime-time do que o Monday Night Football.

• Hoje, o conteúdo não esportivo mais assistido na televisão é a série O Rastreador, da CBS, que tem, em média, 11,4 milhões de telespectadores — cifra que não entraria no TOP-30 em 2015.

Enquanto isso, a parcela de audiência de TV da NFL dobrou nas últimas duas décadas. Em 2024, embora tenha tido uma queda em números, ainda é, de longe, a maior entidade quando se trata de transmissões televisivas nos EUA, independentemente do gênero.

A liga teve uma média de 17,5 milhões de telespectadores por jogo, uma queda de 2,2% em relação ao ano anterior.

O que explica a “invencibilidade” da NFL?

Para começar, a liga reduziu sua offseason e criou mais pontos de contato com os telespectadores.

• Passou a transmitir mais jogos às quintas e aos sábados;
• Maior exposição do NFL Draft — período badalado em que as equipes reforçam seus elencos;
• Maior exposição do NFL Scouting Combine, onde jogadores universitários competem em testes físicos e mentais conforme são avaliados por treinadores e gerentes gerais dos times.

A liga também assumiu riscos, como quando começou a transmitir jogos no dia de Natal em 2020, momento, até então, dominado pela NBA. Hoje, os papéis se inverteram.

No entanto, para Brian Rolapp, presidente de mídia da NFL, a resposta “óbvia” para a pergunta acima é que “o produto é ótimo”.

Segundo ele, os jogos são de alta pontuação, a margem de vitória é a mais baixa de todos os tempos e a liga teve um número recorde de disputas acirradas.

Isso sem contar que a temporada da NFL é curta o suficiente para que cada jogo seja importante. Outras entidades como MLB, NBA e NHL, que possuem seasons mais longas, tendem a ver que muitos jogos não importam tanto para o público.

A liga também ampliou seus “horizontes”

Embora a NFL tenha mantido seus negócios com as 4 principais redes dos EUA — CBS, NBC, ABC/ESPN e Fox —, ela adicionou os três parceiros de streaming mais assistidos, YouTube, Amazon e, recentemente, Netflix.

Inclusive, após o sucesso de audiência no Natal de 2024, a empresa do Tudum está interessada em fazer uma proposta para transmitir alguns jogos de domingo durante a temporada regular da liga.

Por último, mas não menos importante, a NFL está trabalhando para expandir ainda mais internacionalmente. Para a próxima temporada, os donos das franquias aprovaram um aumento de 4 para 8 jogos fora dos EUA — a partida do Brasil já está confirmada.