Há alguns anos, se as pessoas tivessem apostado em quais jogos mais cresceriam no mundo entre 2020 e 2025, é bem provável que a grande maioria mencionasse FIFA, Counter-Strike 2, League of Legends ou algo do tipo.

• No entanto, o que poucos poderiam imaginar é que muitos grandes nomes dos videogames seriam superados pelo xadrez — sim, você leu certo.

Com mais de 600 milhões de jogadores ao redor do mundo, o jogo de tabuleiro milenar viu um crescimento impressionante nos últimos anos, com uma empresa se destacando na vanguarda desse movimento: o Chess.com.

Como tudo começou?

O ano era 2005. Dois colegas de faculdade, Jay Severson e Erik Allebest, jogavam xadrez frequentemente, mas sentiam falta de uma comunidade online para jogar e conhecer novas pessoas.

Assim, ainda naquele ano, eles compraram o domínio chess.com por US$ 55 mil e criaram um fórum sobre o esporte.

A decisão de comprar o domínio foi uma das sacadas mais geniais da dupla, já que qualquer pesquisa por xadrez colocaria o chess.com no topo do Google.

Com o site rodando, eles decidiram adicionar a função de jogar online, com uma interface mais simples que os sites da época — que eram pouco amigáveis.

O crescimento

Após lançar o playground virtual, o Chess.com cresceu regularmente, com um modelo freemium — gratuito, porém com anúncios — e uma assinatura paga para quem quisesse uma experiência melhor.

Corta para 2010… Eles alcançaram a marca de 1 milhão de usuários, saltando para 4 milhões em 2014 e 20 milhões em 2017.

A essa altura, o Chess.com já era o maior site de xadrez do mundo, crescendo com uma estratégia de influenciadores e streamers, que fechavam acordos de exclusividade para jogar no site.

Para você ter uma ideia, só o Grande Mestre — e número 2 do mundo — Hikaru Nakamura, um dos maiores influencers do site, tem mais de 2 milhões de inscritos no YouTube.

Outra virada de chave do Chess.com foram os torneios com premiação em dinheiro para jogadores profissionais, que trouxeram centenas de players — e milhares de fãs que queriam acompanhar.

O boom

Já em 2020, com a chegada da pandemia, o xadrez online viu uma onda de crescimento sem precedentes, com milhões de novos jogadores da noite pro dia.

Pense que, sem jogos presenciais, o online virou a única alternativa para quem já jogava — e um novo hobby para muita gente.

Além disso, nessa época os streamers estouraram, com milhares de pessoas assistindo xadrez no YouTube e na Twitch — inclusive se tornando a categoria mais assistida da plataforma controlada pela Amazon.

Para fechar o cenário com chave de ouro, a Netflix lançou a minissérie O Gambito da Rainha. Isso porque, um mês após a estreia, o site registrou 2,8 milhões de novos membros.

Mas não acabou por aí. Após o boom na pandemia — e uma estabilização no crescimento —, o site alcançou a marca de 100 milhões de usuários no final de 2022.

Já em 2023, seguiu crescendo graças a um aliado inesperado: os vídeos curtos no YouTube e no TikTok. O principal responsável por isso foi o YouTuber GothamChess, que alcançou 5 milhões de inscritos — e viralizou com vídeos como esse aqui.

• No mesmo ano, o Chess.com relatou que cerca de 12,5 bilhões de jogos foram disputados na plataforma — ou cerca de 35 milhões de jogos por dia.
• Além disso, estima-se que a receita do site durante aquele período tenha sido de mais de US$ 100 milhões.

Corta para 2025… O site alcançou os 200 milhões de usuários, se consolidou como o líder no mercado do xadrez, e é parceiro da Copa do Mundo de Esports neste ano.

Takeaways

Por mais clichê que seja, um dos maiores segredos do Chess.com para se tornar a maior empresa do mercado do xadrez foi estar no lugar certo, na hora certa.

Pense que, desde a compra do domínio em 2005 — que garantiu o topo do Google em qualquer pesquisa sobre xadrez —, todas as suas ações garantiram que eles fossem presença certa quando o assunto fosse xadrez.

Além disso, a empresa usou um funil muito bem definido, começando com o contato inicial com o jogo, e indo até a fase em que os usuários se tornam fãs viciados no xadrez.